O ex-presidente
esquerdista ígido Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo quer
"terminar as realizações da classe trabalhadora sobre os anos passados".
"O povo só
vai parar quando eles escolherem um governo democraticamente", disse ele,
aludindo ao impeachment de sua sucessora escolhida Dilma Rousseff no ano
passado, que instalou o actual presidente de centro-direita Michel Temer no
cargo. Lula lidera as pesquisas antes das eleições do próximo ano.
Em São Paulo,
uma greve dos trabalhadores de metrô e ônibus de São Paulo havia paralisado a
hora do rush (ponta) da manhã.
Durante um
protesto dramático na capital Brasília, centenas de activistas irromperam no
ministério das finanças antes do início da jornada de trabalho, ocupando o
edifício até o final da tarde. A polícia disse que vandalizou o ministério e
quebrou janelas.
O pessoal das
escolas públicas do Rio de Janeiro também entrou em greve, os colectores de
lixo interromperam o trabalho em Curitiba e o metrô foi fechado em Belo
Horizonte, de acordo com o portal de notícias G1.
O protesto do
Rio terminou em tumulto quando alguns manifestantes entraram em confronto com a
polícia, que lançou gás lacrimogéneo e granadas de choque, informou a TV Globo.
Os distúrbios em
mais de 20 cidades marcaram o desafio mais sério nas ruas até agora às
tentativas de Temer de domesticar o orçamento e restaurar uma economia atolada
em dois anos consecutivos de recessão.
"Estamos em
greve para o futuro do país", disse a professora do Rio, Mirna Aragon, em
um protesto com milhares de outras pessoas. "Os direitos dos trabalhadores
foram jogados na sarjeta".
Uma disposição
para fixar a idade de aposentadoria aos 65 anos é central para a reforma das
pensões, um choque para um país onde muitos são capazes de tirar pensões em 54.
Essa reforma é
necessária para evitar o "colapso" do sistema de pensões, disse o
temeramente impopular Temer em um discurso na quarta-feira. "Ninguém terá
seus direitos retirados", disse ele, descrevendo as reformas como
"salvando os benefícios dos aposentados de hoje e dos jovens que se
aposentarão amanhã".
Argumentando que
o país será levado à falência se medidas de austeridade não forem tomadas,
Temer já orientou um congelamento orçamentário de 20 anos através do Congresso.
Ele recebeu uma
boa notícia na quarta-feira quando a agência de classificação de risco Moody's
elevou sua perspectiva para o Brasil de "negativo" para
"estável".
No entanto,
organizações de esquerda dizem que Temer está castigando os brasileiros comuns
que já estão sofrendo a pior recessão da história do país, com o desemprego em
um recorde de 12,6%, cerca de 13 milhões de desempregados.
O actor Wagner
Moura, que interpreta o narcotraficante Pablo Escobar na série
"Narcos" da Netflix, acrescentou sua voz dizendo que "esta
reforma representa mais um golpe enorme para os direitos dos trabalhadores
brasileiros".
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